Retórica e argumentação
Retórica é a arte de ser eloquente e a ciência de saber argumentar para alterar o julgamento das pessoas.
Apesar de existir vários tipos de argumentos, como o carisma (ethos) e as emoções (pathos), o logos é o tipo e o caminho mais racional que na maioria das situações parece mais razoável. No entanto, os outros tipos de argumentos têm ganhado muito em interesse nessas últimas décadas, quando as democracias, o sistema consumista e a mídia começaram a usá-los extensivamente.
Vamos aqui estabelecer as bases da argumentação, parte importante da retórica, que muitas vezes está até confundida com ela, erroneamente.
1. Argumentação
O estudo da argumentação analisa as técnicas discursivas permitindo provocar ou aumentar a adesão de uma audiência às teses que são apresentadas a seu assentimento.
A argumentação consiste em uma conclusão e uma ou mais “peças de evidência”, que são chamadas premissas ou argumentos, e que são motivos para aceitar essa conclusão.
Ao contrário da demonstração, a argumentação é concebível apenas em um contexto psicossociológico. Enquanto a demonstração ocorre de maneira abstrata, a argumentação usa argumentos mais ou menos adaptados ao público ao qual são endereçados.
O campo de aplicação da teoria da argumentação vai muito além do campo da teoria da demonstração, porque os argumentos se referem a tudo o que pode ser objeto de opinião, julgamento de valor ou julgamento da realidade, a adequação de uma teoria ou a conveniência de uma decisão. Uma demonstração fornece evidências, um argumento apresenta razões a favor ou contra uma tese particular.
É esta distinção que corresponde a ambos os tipos de evidências estudadas por Aristóteles na retórica:
- as evidências analíticas, que indicam como uma verdadeira conclusão pode ser tirada a partir de premissas verdadeiras, através de um raciocínio formalmente correto,
- e as evidências dialéticas usadas em deliberações íntimas, em discussões com outros e em qualquer discurso destinado a persuadir ou convencer qualquer audiência.
Desde Aristóteles, a questão da natureza do público é um ponto-chave da retórica.
“O único conselho geral que uma teoria do argumento pode dar neste caso é pedir ao orador que se adapte ao seu público” Chaim Perelman (filósofo do Direito belgo, um dos mais importantes teóricos da Retórica no século XX).
Para ele, o discurso dirigido a um público em particular tem como objetivo persuadir, enquanto aquele destinado a um público universal visa convencer.
Sê senhor do argumento, e as palavras virão.
Catão, o Velho
2. Raciocínio
O objetivo do argumento é avançar o pensamento do conhecido para admitir o desconhecido. A palavra chave é, então, o raciocínio, que se divide em duas noções: dedução e indução.
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Dedução e silogística:
A dedução é o princípio do raciocínio que vai do geral ao particular. A silogística estuda esse modo de raciocínio.
Exemplo: Esquema do tipo de silogismo: “Todo homem é mortal, mas Sócrates é um homem, então Sócrates é mortal”.
As duas primeiras proposições (que são “afirmações”: elas afirmam um fato) são chamadas premissas do raciocínio. A primeira afirmação é chamada de “maior” porque afirma uma lei geral, enquanto a segunda é “menor” porque afirma um fato específico.
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Indução e generalização:
A indução começa com fatos particulares para chegar a uma lei geral. É particularmente importante no processo científico.
3. Tipos de argumentos
Os argumentos têm sido objeto de importantes pesquisas, nos campos da linguística e da lógica. Podemos distinguir quatro classes de argumentos:
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Os argumentos quase lógicos:
Chaim Perelman é o introdutor do conceito de argumento quase-lógico na retórica: como em lógica, afirma-se a verdade de uma conclusão em decorrência de sua ligação com outras proposições já reconhecidas como verdadeiras.
Exemplos de argumentos quase lógicos são: a definição, a comparação, a incompatibilidade.
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Os argumentos empíricos:
Esses argumentos são baseados na experiência. Ao contrário dos argumentos lógicos, eles não podem existir sem uma observação do campo da realidade.
Eles são por exemplo: a analogia, o exemplo, a metáfora.
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Os argumentos ligados ao pathos:
Alguns argumentos têm o único propósito de mover ou despertar piedade. Exemplo: discurso judicial, quando o advogado de defesa tenta mover o júri.
Outros argumentos fazem uso de má fé, aproveitando por exemplo uma crença popular, com um provérbio ou um senso comum. Esses tipos de argumentos são falaciosos, em graus variados.
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Os argumentos ligados ao ethos:
O orador carismático faz uso da experiência ou da competência dele, por exemplo, para se justificar.
Saber argumentar é uma competência fundamental da retórica.
A argumentação consiste em uma conclusão e uma ou mais “peças de evidência”, que são chamadas premissas ou argumentos, e que são motivos para aceitar essa conclusão.
Ao contrário da demonstração, a argumentação é concebível apenas em um contexto psicossociológico. A questão da natureza do público é um ponto-chave.
Quando seu argumento faz uso de lógica, duas noções podem ser usadas: a dedução e a indução.
De forma geral, podemos distinguir quatro classes de argumentos:
- os argumentos quase lógicos,
- os argumentos empíricos,
- os argumentos ligados ao pathos (emoções, coletividade),
- os argumentos ligados ao ethos (carisma, autoridade).